A BENÇÃO DO CULTO SEM O BATER PALMAS (EMBASAMENTO BÍBLICO, DOUTRINÁRIO E HISTÓRICO)

Palmas no Culto, palmas nos cânticos. Por que as palmas?

O que elas acrescentam ao Culto? O que elas retiram do Culto?

Observando pela ótica humana, (como se não houvesse instrução escriturística) porque o Culto é o tributo das almas para com o seu Criador, as palmas acrescentam: ruído (poluição sonora) acompanhado de gestos coreográficos que em nada nos fazem lembrar a grandeza e a santidade do Senhor. As palmas retiram do Culto; da liturgia (serviços prestados a Deus), a reverência e a solenidade tão exigida por Deus no Velho Testamento, notadamente quando o povo se apresentava para cultuá-lo e quando o Culto era recebido Isaías 6:1 - 6, nos mostra como o Profeta se sentiu ...

Com o uso de palmas, a vulgaridade se impõe sobre a devoção e a espiritualidade.

Um grande problema que se tem levantado é de que tal prática é apenas comportamental e não interfere na Teologia e na Doutrina. Puro engano.

Observem como cada vez mais se torna difícil a formação de um coral, de quartetos e solistas.

A prática, seja de bater palmas, beber bebida alcoólica, fumar, fazer quermesse, ou outra qualquer, sempre interfere na doutrina e na Teologia de um povo.

Quando Rui Barbosa, na Conferência Internacional de Haía, teve por fim a possibilidade fazer o seu pronunciamento, o grande júris consulto discursou sobre a política dos grandes países em relação aos pequenos, dos quais fazemos parte, e muito mais naquela época. O Presidente da Conferência, um ilustre e agigantado alemão, sugeriu que o discurso de Rui Barbosa fosse arquivado, porque tratava de política. Conta-nos o biógrafo de Rui, e que estava ao seu lado, que o seu rosto ficou avermelhado, pela revolta causada pelo Presidente, que através de um ardil, levaria para o arquivo não só o seu esforço, mas também e principalmente o destino, e o Direito Internacional monopolizado pelas grandes nações. Incontinente, Rui Barbosa pediu de novo a palavra e agora sua brilhante inteligência, provocada pelo sofisma do Presidente, contesta-lhe a afirmação, pois que realmente o seu discurso era político, como política era aquela reunião, pois tudo o que se trata sobre o interesse e o destino das nações é verdadeiramente político, e assim merece ser tratado.

As palavras de Rui Barbosa foram poderosíssimas e esclarecedoras e a mesa não arquivou o Discurso. Foi naquele conclave que Rui Barbosa se tornou o defensor dos países pequenos e subdesenvolvidos liderando os pequenos que se juntaram a ele e discutindo com profundidade de conhecimentos. Representou o Brasil com honra e brilhantismo.

Com o Presidente da Conferência de Haía, muitos Batistas querem iludir-se de que o comportamento não é Teológico e não é doutrinário.

A Teologia, a Doutrina e a Prática se complementam na vida da Igreja e das pessoas. A teologia clareia o intelecto, este iluminado formula a doutrina que jamais ficará apenas no conhecimento mas leva o homem à prática.

Lucas 19:8 - E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. Tal prática, tal a teologia.

Que diríamos de um Lutero, depois de esclarecido pela Bíblia, no conhecimento das coisas de Deus, se continuasse obedecendo ao Papa?

A sua concepção teológica mudou-lhe a prática. Como mudou de Paulo, de Barnabé, e de todos os milhões que tendo andado em trevas, conheceram depois a luz do Evangelho.

A PRÁTICA DE PALMAS NOS CULTOS É DESVIO DOUTRINÁRIO

1. Por que na Bíblia não há fundamento para tal prática.

2. Por que os cristãos do Novo Testamento não agiam assim. E uma Igreja Batista é moldada do Novo Testamento.

3. Por que a história da Igreja não revela tal procedimento principalmente a história da Igreja obediente à Palavra de Deus.

4. Por que o uso de Palmas é determinante para se mudar conceitos bíblicos sobre o Culto e o Cultuador. João 4:24 - Lucas 18:10 - 14.

5. Por que não há relação de Prática (liturgia) entre o Culto Judaico e o Culto do Novo Israel, visto que a motivação, formas e qualidade do Culto Neo Testamentário é maior e melhor que o antigo que ficou anulado.

6. Por que toda Igreja que começa com a prática de Palmas, não para por aí ...

Podíamos ainda ir além, mas estou certo de que a capacitação da unção do Espírito Santo levará a todos os que tomarem conhecimento deste modesto estudo, a pelo menos reverem posições e orarem para saírem da rede.

HISTÓRIA RECENTE - QUANDO SURGIU TAL PRÁTICA E COMO PROLIFEROU

Nasci católico. Desde meus 7 anos, portanto em 1947, tive contatos com Católicos, Metodistas, Assembléia de Deus, Presbiterianos e Batistas. Graças ao Senhor Jesus Cristo, numa Igreja Batista em 1952, me converti.

Em nenhuma das Igrejas citadas se batiam palmas, nem na Assembléia se batia palmas!

Naquele tempo, não se cogitavam essas coisas. E como eram reverentes ao Culto!

O Bater Palmas é o estopim para quebrar o que os "avivados" chamam de "barreiras". E o Batista, principalmente o adolescente ou crente novo e imaturo, se empolga com o que é mais fácil e mais parecido com o mundo. É claro e facilmente constatável que hoje, a juventude não vê com bons olhos os cultos praticados pelos Batistas através dos séculos. É constatável também que os jovens não entendem muito atualmente o que é um Batista, não vem a diferença entre nossa Denominação e o Renascer, a Assembléia, o Avivamento Bíblico, e todos os Movimentos Neo Pentecostais. Se para alguns as palmas nada tem a ver com a doutrina, para esses jovens e alguns já grisalhos, sua convicção foi abalada e já se expressam com os jargões dos pentecostalizados.

Enfocando apenas no que influi no povo Batista brasileiro, e especialmente no nosso Estado, posso asseverar que em 1960, vi pela primeira vez o uso de Palmas e isto na Cruzada Nacional de Evangelização. Claro que copiaram de outros.

Mas até esta época, em toda a Região Norte e Nordeste do nosso Estado de São Paulo, não havia tal prática. Resistimos sem nenhum abalo enquanto éramos jovens e lideramos a juventude Batista da região por 4 anos, o que também foi feito pelos nossos sucessores e líderes do Estado.

A convenção estadual realizada na Penha, não posso precisar o ano, recomendou a todas as Igrejas Batistas que se abstivessem de práticas pentecostalizantes numa mensagem enviada a todas as Igrejas.

· Esse movimento Pentecostal deu origem à Igreja do Evangelho Quadrangular.

· A nova doutrina desvia o cultuador do objeto da nossa adoração e da nossa obrigação, que é pregar: Cristo, e este crucificado, como diz Paulo. O fiel da balança se desloca do culto "Cristocêntrico". Para uma atitude "egocêntrica" (Caim e Abel). No dia 18/05/96 foram entregues os prêmios aos astros e estrelas do Gospel Line. Um "Oscar" para aqueles que exploram a religião para o seu próprio sucesso material e auto realização.

Somente em 1985 é que o vírus pentecostalizante e a prática de Palmas penetrou em nossa região Via Ribeirão Preto, nos festivais de músicas inéditas que ali foram realizadas

Feita esta introdução, vamos ao estudo do assunto.

A PRÁTICA DE PALMAS NO CULTO

Ao iniciarmos o estudo desse assunto, devemos saber que tem trazido muitos desgostos e divisões entre o povo de Deus.

A divisão criada pelo bater palmas, não é apenas administrativa ou eclesiológica. A divisão é no sentimento, no culto que se pratica a Deus, porque uma parte se alegra, enquanto a outra se entristece. O Espírito Santo é paz e alegria para todos, para toda a Igreja, e onde impera a divisão, o Espírito Santo não atua, pois ele fica entristecido, e o culto é prejudicado na sua forma e na sua essência.

Os Batismos somos Bíblicos. A Bíblia é a nossa regra de fé e prática, e cultuamos ao nosso Deus e a Jesus Cristo, Senhor nosso, na beleza de sua santidade. Convém lembrar aqui, que casos isolados relatados no Velho Testamento de comportamentos, não se ajustaram naquela época e menos agora, do que alguns querem tirar deduções apressadas: a dança de Míriam e a dança de Davi. Foram expressões isoladas e nunca fizeram parte do Culto Judaico. A Jumenta também falou. É outro caso maravilhoso e que não deve ser repetido ... Números 22:28 - 30.

Comecemos com um exercício bíblico. Todos com suas bíblias na mão. Abramos a Bíblia no Salmo 22:1 observemos que ele nos apresenta uma Ref. (1) que é Mateus 27:46, este verso é uma Ref. (2) que é Marcos 15:34. Para poupar o tempo e o espaço, ficaremos apenas com a Ref. (1) que é Mat. 27:46; este verso nos sugere as Ref. (31) e (32). Tomemos apenas uma delas a 31, que nos leva para Hebreus 5:7, que tem a Ref. (7) e que nos indica Mat. 26:39 a 44. Se fizermos o mesmo com a Ref. (2) do Salmo 22:1, ela também nos levará para um maravilhoso passeio pela Bíblia apresentando-nos e desenvolvendo a idéia básica do versículo.

Os versículos que tem cunho doutrinário ou cunho prático, estão forte e harmoniosamente ligados como um tecido bem feito, a nos mostrar a vontade de Deus.

Agora tomemos outro verso do Livro de Salmos, onde os renovadores querem se basear para baterem palmas; Salmo 47:1. Procurem as Referências deste verso na Bíblia . Espantados? Não há uma sequer? Nenhuma!

O Culto Judaico não tem mais sentido para os cristãos, visto que o centro do culto judaico era o templo e o sacrifício, Isaías 29:13.

O que o Salmo 47:1 expõe, nada tem com o Culto Cristão. Nem tão pouco com o culto judaico, mas revela um momento em que a expressão poética de Salmista usa uma figura de retórica (Hipérbole) e que nada tinha de prática litúrgica. É um texto isolado naquilo que afirma, como outros textos isolados que não devem ser interpretados e postos em prática pelos cristãos.

No Salmo 58:6 a 10, vamos ler: nada cristão, não é mesmo? Compare com os ensinos de Jesus ...

Mas já alguns que dizem: a mão do Senhor vai pesar sobre você! Etc. etc. etc.

Muda-se a prática em função da doutrina e da teologia.

Voltemos para o Culto Cristão e o comportamento do crente no templo! Eclesiastes 5:1, Marcos 11:15 - 17, Isaías 56:7.

Não somente sob este aspecto importante, que o bater palmas não fazia parte do Culto Judaico e muito menos do cristão. No Salmo 139:21 - 22, explicita comportamentos e sentimentos, que vão contra os ensinos do Senhor Jesus, e nenhum cristão se edifica se nutrir tais sentimentos e praticá-los, o mesmo se dá com o Salmo 47:1, pois que estamos na dispensação da graça e os valores do Culto, sua motivação e propósitos são outros.

Os cristãos primitivos e históricos não batiam palmas, a não ser que estivessem do lado de fora e precisavam entrar.

É comum em lugares onde não há recursos elétrico-eletrônicos que a pessoa bata palmas, mas assim que o dono da casa no-la abriu, é pouco educado que alguém continue batendo palmas.

O culto cristão e conseqüentemente o Culto prestado pelos Batistas Históricos, como se pode observar lendo o Livro de Atos dos Apóstolos, era alegre mas a alegria é de fundo espiritual e portanto as Igrejas do Novo Testamento não tinham tal prática. E os Batistas legítimos continuadores dos primeiros cristãos, continuamos com nossos Cultos reverentes, onde a presença do Senhor se manifesta pela unidade, orações e cânticos espirituais.

As palmas chegaram com o movimento Pentecostal que não tem compromisso total com a Bíblia.

A música sofreu uma alteração para pior, empobrecida na letra e na melodia e essa pobre música é que predomina em muitas Igrejas, por isso precisam bater palmas para encobrir a falta de inspiração do autor e muitas vezes de quem conta.

O ser humano é o único ser neste planeta que pode louvar a Deus com perfeição: inteligência, voz, palavras, inspiração. O bater palmas nos cânticos, descaracteriza o louvor. Não é bíblico, não é espiritual, e é animalesco como todos que já vimos na TV, no circo e nos auditórios frenéticos, não conduzidos pela razão de adoração ao Senhor, mas pela imitação de um bem preparado animador ou cantor e não pelo Espírito Santo. Na falta de melhor expressão, até o macaco e a foca batem palmas.

NÃO É DOUTRINARIAMENTE CORRETO BATER PALMAS NO CULTO

Existe uma ciência chamada Hermenêutica, cuja aplicação vale para várias outras ciências. A Hermenêutica é a ciência que nos dá as técnicas de interpretação. A Teologia vale-se da Hermenêutica para se conduzir com retidão e coerência na interpretação bíblica. Uma das técnicas e regra para a interpretação bíblica, é que nenhuma doutrina ou prática cristã possa se apoiar em um único versículo da Bíblia. Assim, de acordo com a melhor interpretação, o bater palmas é anti-bíblico como outras doutrinas pentecostais e católicas, que são extraídos de um só texto mal interpretado e fora do contexto restrito ou geral.

O SIGNIFICADO DAS PALMAS

Para os judeus, o bater palmas indicava insulto, afronta, ver Jó 27:23; Lamentações 2:15; Naum 3:19; Ezequiel 25:6; Sofonias 2:15 e Ezequiel 6:11.

No programa sertanejo se batem palmas durante os cânticos?

Os roqueiros incitam o sue auditório a bater palmas?

Os carismáticos de todas as cores, e os cantores Gospel batem palmas?

Só por isso já vale a pena a Igreja se preservar desta confusão terrível.

Mas há outro aspecto no bater palmas: Ezequiel 21:14; 21:17; Ezequiel 6:11; Números 24:10; Ezequiel 22:13.

Por 20 séculos a Igreja se manteve numa atitude em que o Espírito Santo atuava nos espíritos dos fiéis e a atitude destes sempre foi: "fala Senhor porque o teu servo ouve"; "tira a sandália dos teus pés porque a terra onde estás é terra santa".

Se alguém tiver que bater palmas é Deus, para nos chamar a atenção para o seus serviços, pois somos servos inúteis, Salmo 123:2. Os servos, os escravos olhavam para as mãos de seus senhores para entenderem a sua vontade e realizarem seus serviços. Muitas vezes eram chamados pelas palmas, quando estavam distantes ou desatentos.

O Senhor é que pode bater palmas e nós devemos ouvir e cumprir a sua vontade.

A presença do Senhor é magnífica. "O Senhor está no seu tanto templo, cale-se diante dele toda a terra".

"AI DE MIM QUE VOU PERECENDO" - DISSE ISAÍAS

Quando Jesus apareceu ressurreto, e Pedro não estava convenientemente trajado, saltou na água, João 21:7. Faltam-nos muitas coisas para aprendermos como nos conduzir diante de Deus. Que Ele nos ajude a entendermos melhor a nossa posição diante dele no Culto, e nos perdoe as nossas ofensas, algumas até involuntárias. O Culto deve ser em Espírito e em Verdade, disse Jesus.

Palestra proferida na reunião da OPBESP - Sub Seccional de Araraquara e Adjacências.